Por: Ana Marina Martins de Lima
Clima constitui o estado médio e o comportamento estatístico das variáveis de tempo (temperatura, chuva, vento, etc.) sobre um período, suficientemente, longo de uma localidade. O período recomendado é de 30 anos”. (CPTEC/INPE, 2006).
Há uma série de fatores que alteram a dinâmica do clima, como aumento da temperatura decorrente das atividades do homem com o lançamento de gases na atmosfera provenientes de queimadas, atividades industriais, desmatamentos, entre outros.
Segundo Reeves e Lenoir (2006, p. 236), desde o início da Era Industrial, a temperatura no mundo aumentou cerca de 0,8°C. Na França chega a 1°C.
A elevação da temperatura no planeta pode alterar o ciclo hidrológico, causando o derretimento das calotas de gelo dos pólos e assim, aumentar o nível do mar, inundando gradualmente regiões costeiras. Cidades como Nova York, Rio de janeiro e Londres seriam inundadas e mesmo que o aumento do nível do mar não ultrapassasse um metro, haveria o risco de marés fortes e ressacas violentas. Seria necessário o deslocamento das pessoas dessas áreas, além de afetar as atividades econômicas e gerar problemas sociais e econômicos (SCARLATO & PONTIN, 2006, p.39). É importante ressaltar que metade da população mundial vive em faixa litorânea. (ONU, 2007). “A previsão é de que os gases estufa poderão provocar o aquecimento do planeta entre 0,2°C e 0,5°C por década, chegando a 1°C em 2025 e a 3°C no fim do próximo século….,devido à expansão dos oceanos e ao descongelamento das geleiras, o nível do mar poderá aumentar 20 centímetros até 2030 e 65 centímetros até o fim do próximo século” (SCARLATO & PONTIN, 2006, p. 40)
Há controvérsias entre pesquisadores quanto à afirmação de que as atividades do homem podem provocar mudanças climáticas globais. Alguns acreditam que as ocorrências fazem parte de um ciclo da natureza, mas muitos afirmam que têm influência e que nos dias de hoje esse fato tem se tornado mais evidente. O relatório divulgado pela ONU (2007) e que será visto com mais detalhes adiante, indica probabilidade de influência de 90% (ONU, 2007).
Segundo Drew (2005, p. 86), “Mesmo que a alteração do clima por obra do homem seja mais uma possibilidade futura do que um fato presente, as respectivas conseqüências são enormes…. a mudança do clima provocará mudanças em cascata nos processos geomorfológicos, do solo e da vegetação, o que, por sua vez, por realimentação, trará novas alterações climáticas”.
E Scarlato & Pontin (2006, p. 40) afirmam que,“A modelagem do clima global, que vem sendo realizada por vários grupos, tem apresentado diferentes resultados, que se justificam com base nos critérios e dados usados para elaboração dos modelos. Assim, há diferenças em previsões que chegam a 5º Celsius. Há inclusive quem considere que o alarde deste tema com base em algumas projeções não se justifique porque há grandes incertezas que cercam estes assuntos”.
Segundo Dias (2006, p.16), são conseqüências das mudanças climáticas:
“Derretimento das calotas polares no nível da água dos mares, causando inundações;
Prejuízos incalculáveis à agricultura;
Aumento na incidência de doenças infecciosas;
Perdas em biodiversidades;
Aumento da freqüência e intensidade de intempéries
Clima caótico”.
De acordo com Scarlato & Pontin (2006, p.41): “será necessário uma adaptação tanto do mundo vegetal como do animal, com o agravamento do efeito estufa, devido a alteração da temperatura, como mutações, migração ou mesmo a extinção…“A elevação da temperatura nos mares causará alteração no nível de base das grandes bacias hidrográficas do planeta, que têm o mar como nível. Isso provavelmente alterará a descarga dos rios no mar, implicando uma mudança da dinâmica do processo de erosão fluvial. Como uma das consequências, as populações ribeirinhas acabarão sendo removidas, acarretando problemas sociais”.
Segundo os mesmos autores, em relação à Amazônia, a sua destruição poderia causar alterações no clima local e de todo o planeta, aumentando a temperatura local e talvez global pela eliminação da evapotranspiração[1] gerando perdas com agricultura, desertificação, entre outros problemas. As queimadas emitem gases como o dióxido de carbono, fato que contribui para o efeito estufa.
Portanto, apesar de não poder ser considerada o pulmão do mundo, pois já atingiu seu equilíbrio vital, é de fundamental importância.
Em muitas regiões está havendo a aceleração do degelo das geleiras, como ocorre no caso da geleira de Sarennes, nos Alpes Franceses, cuja média de perda era de 70 cm por ano e em 2003 apresentou recuo de 3,10m; ocorreram intensos furacões em 2004; aumento de temperatura gerando chuvas mais intensas, provocando grandes inundações na China, Estados Unidos, entre outros, e, na Austrália, aumento gradativo da seca (REEVES & LENOIR, 2006, p.236-237).
Uma das formas de amenizar as alterações relacionadas com o clima é o cumprimento do Protocolo de Kyoto, um compromisso entre as nações do mundo em respostas as ameaças do efeito estufa. Determina a redução da emissão global de gases estufa em 5,2%, tomando como base as emissões de 1990. Os signatários comprometem a reduzir a poluição em 12% até 2010 (DIAS, 2006, p. 17 & MMA, 2007).
Em 1997 foi assinado no Japão o Protocolo de Kyoto, na III Conferência das Partes, sendo complementar à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima:
Para alcançar as metas de redução de emissão, foram determinados três mecanismos de Flexibilidade que são: Implementação Conjunta ou JI (Joint Implementation), Comércio de Emissões ou ET (Emissions Trading) e o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) ou CDM (Clean Development Mechanism). (MMA, 2007)
Apesar de todos terem a responsabilidade comum, o Brasil, como país em desenvolvimento, não tem compromisso formal de redução de gases de efeito estufa, porém assumiu obrigações de implementação da Convenção do Clima, envolvendo três ministérios na área de mudanças climáticas: o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) (MMA, 2007).
“Cabe aos países em desenvolvimento elaborar e manter atualizados inventários nacionais de emissões antrópicas por fontes e a partir de remoções por sumidouros de todos os gases de efeito estufa não controlados pelo Protocolo de Montreal… e informar medidas tomadas ou previstas para implementar a Convenção”. (MMA, 2007)
Segundo Reeves & Lenoir (2006, p.238), seria necessária uma redução de 60% nas emissões para que houvesse uma estabilização dos climas, porém, a emissão de CO2 continua a crescer (p. 237). Ainda segundo os mesmos autores, a França adotou a Carta do Meio Ambiente (votada na primavera de 2004), que inclui o “princípio da precaução” que implica a busca de inovações que respeitem o meio ambiente”. Porém, muitas decisões mostram opções equivocadas, como o aumento de transporte de cargas por caminhões, quando deveria se dar preferência ao transporte por trens.
No Brasil, o governo, com a intenção de incrementar a industrialização do país e atrair capital estrangeiro abriu a economia para a instalação de muitas indústrias estrangeiras no país, entre elas a automobilística, dando prioridade ao transporte rodoviário em relação ao transporte ferroviário, apesar deste ser mais econômico e o país já possuir uma malha ferroviária instalada, o que veio a contribuir para o aumento do lançamento de gases na atmosfera. E ainda há o problema nas grandes cidades em que o transporte coletivo não é de boa qualidade, como em São Paulo, levando à população que possui automóvel a dar preferência ao transporte particular.Segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego – CET (2007), em São Paulo, cerca de 300 automóveis a mais passam a circular por dia.
De acordo com o relatório divulgado pela ONU (2007) sobre mudanças climáticas até 2090, com base nos estudos do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) entidade a qual apóia, e que foi elaborado por 600 especialistas de 40 países, através de projeções, as mudanças que ocorreram no clima nos últimos 50 anos são devido às atividades do homem, com 90% de probabilidade de resultarem das emissões de gás carbônico, e a temperatura pode aumentar em até 4°C até o final do século, provocando secas e tufões mais intensos. Na região sul-americana, a probabilidade é de aumento de 1,5°C na temperatura média entre 2020 e 2029. Já a previsão é de até 3,5 C entre 2090 e 2099 numa área que vai do norte da Bahia, inclui todo o sertão nordestino, boa parte dos Estados do Pará, do Amazonas e do Mato Grosso e o para o Ártico, que deverá ser a parte mais afetada com a possibilidade de ter um aumento de temperatura maior que 7,5 º C. Na África serão mais afetados o Saara e os países próximos à África do Sul. Segundo o relatório, a temperatura no planeta deverá subir 1,8 ºC até 2100, mas pode também chegar a 4 º C, trazendo conseqüências como o aumento do nível dos oceanos entre 18 a 59 centímetros, encobrindo ilhas e áreas de plantio e maior freqüência de desastres naturais.
O relatório também indica que o aumento da concentração dos gases estufa na atmosfera pelas atividades do homem tem sido crescente desde 1750, e o aumento da temperatura global é cinco vezes maior que os efeitos das flutuações da energia solar. (IPCC/ONU apud Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, 2007). “O RDH (Relatório de Desenvolvimento Humano) de 2006, lançado pelo PNUD (ONU, 2007), já apontava que no Brasil os impactos acarretariam nas regiões áridas do Ceará e Piauí, áreas de grande pobreza e desnutrição, uma redução de 12% a 55% nas colheitas”. (PNUD, 2007)

Outras possíveis alterações:
1° C
Encolhimento das geleiras: ameaça de suprimento de água para 50 milhões de pessoas; morte de 80% dos recifes de coral
2 ° C
Redução de até 10% na produção de cereais na África tropical; ameaça de extinção para 15% e 40% das espécies
3° C
Falta de água para 1 a 4 bilhões de pessoas; 1 a 3 milhões a mais morrerão de desnutrição; colapso da floresta amazônica
4° C
Redução na safra agrícola da África entre 15% e 35% e até 80 milhões de pessoas a mais estarão expostas à malária
5° C
Desaparecimento das geleiras do Himalaia e elevação do nível dos oceanos ameaçará Nova York, Londres, entre outros locais.
“O RDH de 2006 (ONU, 2007), já mostrava a necessidade de incluir países em desenvolvimento como China Índia e Brasil, que são, respectivamente, o segundo, terceiro e quarto maiores produtores de gases estufa num próximo acordo como o do Protocolo de Kyoto. O primeiro produtor, que inclusive não assinou o protocolo, são os EUA.” (PNUD, 2007)
Segundo PNUD (2006): os países ricos têm de se empenhar mais no sentido de “descarbonizar”’ suas economias. Ao mesmo tempo, o crescente impacto ambiental dos países em desenvolvimento não pode ser ignorado”.
As projeções, com duas fases, uma que abrange o período de 2020 a 2029 e outro de 2090 a 2099, mostram as áreas que serão mais afetadas com o aumento da temperatura, que são: o ártico, Região dos Grandes Lagos na América do Norte, interior do continente sul-americano, na África o Saara e África do Sul.
Segundo Reeves & Lenoir( 2006) et al Scarlato & Pontini (2006) o seqüestro do gás carbônico da atmosfera, através, por exemplo, do plantio de árvores, pois as plantas extraem esse gás fixando-o em seus tecidos, porém é um processo de curta duração, pois com a morte da planta o gás carbônico volta para atmosfera e só as árvores jovens, até cerca de 15 anos, produzem um excedente de oxigênio, funcionando como soverdoura de gás carbônico, depois há um equilíbrio entre produção e geração de oxigênio e gás carbono, respectivamente.
O Brasil tem recorrido à alternativas na sua matriz energética limpa, com 44% de energias renováveis, sendo 29% provenientes de biomassa e 15% de hidroeletricidade, liderando a produção de etanol de cana-de-açúcar, que é atualmente o biocombustível mais barato do mundo (US$ 35 a US$ 50 por barril equivalente de petróleo) e procurando medidas para redução de desmatamentos (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP, 2007), porém na prática, os desmatamentos indiscriminados continuam em grande quantidade, e é preciso cuidado para não desmatar além do devido para a monocultura da soja e mamona, por exemplo, para a geração do biodiesel, que vem sendo misturado à gasolina.
O Comércio de Emissões é outra medida para lidar com o problema das emissões, de acordo com o Protocolo de Quioto, pois permite aos países do Anexo I comercializar parte de redução de suas emissões que excederem as metas do compromisso, para o período 2008 e 2012 com aqueles que não conseguiram atingir as metas. Há as Reduções Certificadas de Emissão (CER) de gases de efeito estufa estão estabelecidas com base nos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (Clean Development Mechanism – CDM) que será visto no módulo de Gestão (IBAMA, 2007)C
Fonte: Lima, Ana Marina Martins de; SILVA, Antonio Carlos; SILVA, Luciene Costa. “ Proposição de Implementação de um Sistema de Gestão Ambiental no Instituto Adolfo Lutz’ . (trabalho de conclusão de curso Pós Graduação em Gestão Ambiental). SENAC 2007.
Ola, não até que ponto realmente as pessoas tem verdadeiro interesse em fazer algo para contribuir para o combate ao aquecimento global e seus efeitos devastadores.