Ações governamentais e sociais de combate ao Aedes aegypti

Por: Ana Marina Martins de Lima – Ambientedomeio

Etapas de toxicidade principais inseticidas piretróides e mecanismos de resistência em mosquitos
Etapas de toxicidade principais inseticidas piretróides e mecanismos de resistência em mosquitos

Um estudo publicado em 2013 no Insect Biochemistry and Molecular Biology apresenta resultados que evidenciam a resistência do Aedes a inseticidas piretroides, segundo os autores foi possível verificar que um dos fatores de resistência pode estar relacionado aos diferentes usos de inseticidas e produtos de uso agrícola; talvez a adoção de uma mesma formulação para uso em aplicações de vigilância sanitária, uso doméstico e agrícola possa diminuir a resistência do mosquito.

Etapas de toxicidade principais inseticidas piretróides e mecanismos de resistência em mosquitos.
Etapas de toxicidade principais inseticidas piretróides e mecanismos de resistência em mosquitos.

Em 2010, no Brasil EMBRAPA lançou o Bt-horus SC um inseticida biológico especialmente desenvolvido para controlar as larvas do mosquito transmissor da dengue (Aedes aegypti) e das larvas dos borrachudos (Simulium spp.). Seu ingrediente ativo é uma bactéria que ocorre naturalmente no meio ambiente, o Bacillus thuringiensis israelensis (BTI), identificada e caracterizada pelo Banco de Bactérias Entomopatogênicas da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Bt-horus SC é uma suspensão concentrada que contém 12 gramas de BTI por litro de produto e apresenta a potência de 1.200 UTI por miligrama de produto comercial. É apresentado em frascos de 1 litro e bombonas de 5 e 10 litros. Este produto está sendo produzido pelo laboratório União Química e foi comprado pela Vigilância Sanitária do Distrito federal.
Infelizmente alguns órgãos tem utilizado como “inseticida”, produtos de uso agrícola que tem em sua formulação o malathion que pode ocasionar intoxicações que afetam diretamente o organismo ocorrendo uma diminuição da colinesterase, são sintomas graves considerados graves: cólicas na barriga, diarreia, vômito, salivação, dificuldade visual, hipotensão, fraqueza muscular ou paralisia.
A colinesterase é enzima presente no organismo, responsável pela degradação de uma substância chamada acetilcolina, um neurotransmissor responsável por controlar os impulsos nervosos para os músculos.
A Agencia Nacional de Vigilância Sanitária disponibilizou em sua página uma relação de ingredientes ativos de agrotóxicos, domissanitários e preservantes de madeira que, atualmente, não possuem autorização de uso no Brasil, portanto não devem ser utilizados pela população, são eles: A03 – Acetato de Dinoseb, A09 – Aldrin, A10 – Aloxidim, A13 – Azinfós-Etílico, A17 – Ácido Indolil Acético, A25 – Anidrido Naftálico, A28 – Azafenidina, B02 – Benomil, B04 – BHC, B05 – Bifenoxi, B06 – Binapacril, B13 – Bromofós-etílico, B18 – Butacloro, B21 – Butilato, B23 – Bensulide, C01 – Captafol, C04 – Carbofenotiona, C11 – Clorambem, C14 – Clorfenvinfós, C16 – Clorobenzilato, C27 – Cihexatina, C28 – Clorprofan, C42 – Cifenotrina (Racêmico), D01 – 2,4DB , D02 – Dalapon, D05 – DEF, D07 – DDT, D08 – Demetom-S-metílico, D09 – Dialifós, D15 – Dicrotofos, D16 – Difenamida, D20 -Dinoseb, D28 – Diclobenil, D30 – Diclobutrazol, E02 – Endossulfam, E03 – Endrin, E10 – EPTC, E12 – Etidimuron, E13 – Etrinfos, E14 – Etiofencarb, E15 – Estreptomicina, F06 – Fensulfotiona, F11 – Flucitrinato, F16 – Formotiom, F19 – Fosfamidona, F27 – Fenmedifan, F30 – Fyomone, F52 – Fenogrego, F15 – Forato, G04 – Guazatina, H01 – Heptacloro,H06 – Haloxifope-metílico,I01 – IBP,I06 – Isoprocarbe, I07 – Isoxationa, I11 – Isourom,I14 – Isazofós, L01 – Lindano, K01 – Karbutilate, M03 – Manebe, M07 – Merfos, M08 – Metalaxil, M10 – Metamidofós, M18 – Metoxicloro, M22 – Monocrotofós, M41 – Macex, M42 – Metil eugenol, N03 – Nitralin, N04 – Norflurazona, N06 – Naptalam, O03 – Ometoato, O11 – Oxitetraciclina, O12 – Oxamil, O13 – Oxadixil, P02 – Paration, P04 – Pebulato, P08 – Piracarbolida, ,P14 – Prometon P25 – Prime, P28 – Piridato, P37 – Pirifenoxi, P44 – Pentaclorofenol, Q03 – Quinalfos, S04 – Sulprofós, T03 – TCA, T07 – Terbacila, T15 – Tiometona,T20 – Triciclo-hexil-estanho, T21 – Triclorfom, T26 – Tiocarbazil, T35 – Tiamina, T44 – Tolclofós-metílico, V01 – Vamidotiona, V02 – Vernolato,V04 – Vinclozolina, Z01 – Zineb e Z02 – Ziram.
É importante para que haja um bom resultado na diminuição na proliferação de mosquitos o controle mecânico nas ações ou seja a eliminação de meios nos quais o mosquito tem familiaridade e maior adaptação para se proliferar a melhor forma de realizar este processo é pela educação da população por meio de instrumentos de comunicação com eficiência, elaboração de folhetos , rodas de comunicação em associações de bairros e uma consciência de uma vigilância constantes dos locais onde são deixados resíduos urbanos.
Parte da população ainda não tem a percepção de que a coleta seletiva de resíduos pode também ser um fator colaborativo para proliferação de mosquitos além de outros vetores como roedores, se o resultado da coleta – os galpões e armazenamento estiverem ao ar livre, descobertos proporcionando o acumulo de água.
Neste momento espera-se da comunidade científica, bem como das empresas produtoras de insumos para combate ao mosquito um livre acesso as formulações, bem como a literatura com temáticas referente ao estudo dos vetores em relação a sua resistência, produtos de detecção e diagnóstico e a situação atual de produção de vacinas é esta ação deve ser mundial e que também haja uma vigilância sobre o ponto de vista ético sobre o uso destas informações.
Em 02 de fevereiro a Associação Brasileira de Saúde Coletiva publicou uma nota referente a microcefalia e doenças relacionadas ao Aedes aegypti que tem como ponto principal levar a sociedade e o s tomadores de decisão a revisão quanto ao risco do uso de larvicidas e nebulizações químicas.
Diante das questões aqui apresentadas fica evidente que os governos devem modificar a forma de ação em Vigilância Sanitária, pois está comprovado que as ações não podem estar mais baseadas em números e sim na qualidade da saúde pública.
As estratégias de ações sanitárias devem ter como base que as questões sociais não podem ser realizadas somente pelos serviços de saúde pois há necessidade de apoio técnico de outras instituições como meios acadêmicos, de segurança pública e de proteção ao meio ambiente.

Nota: Dias antes da publicação da ABRASCO enviei uma email para uma rede de pesquisadores da América Latina , também discutimos entre outros colegas…. levei a eles duas questões que ainda não são informadas e não estão esclarecidas: houve mutações dos insetos pois encontrei larvas em um local de área contaminada com uma grande quantidade de resíduos químicos, 1) é necessário estudar a virulência resultante desta mutação, 2) deve ser estudado  se o uso de repelentes não esta causando uma toxicidade nas grávidas é  preciso verificar as diversidade de formulações encontradas no mercado.

Saiba mais em:

Impacto do ambiente sobre a resposta do mosquito aos inseticidas piretróides: Fatos, evidências e perspectivas
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0965174812001476

Nota da Abrasco- Associação Brasileira de Saúde Coletiva
https://www.abrasco.org.br/site/2016/02/nota-tecnica-sobre-microcefalia-e-doencas-vetoriais-relacionadas-ao-aedes-aegypti-os-perigos-das-abordagens-com-larvicidas-e-nebulizacoes-quimicas-fumace/

FISPQ DO MALATHION

Relatório da EMBRAPA

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