Por: Christian Spencer

A exposição “Alma Do Mato – um olhar artístico dos mamíferos do Parque Nacional do Itatiaia” vem celebrar o início das comemorações dos 80 anos que esta Unidade de Conservação completa em 2017.

O registro histórico de alguns desses raros e efusivos mamíferos, muitos deles em perigo de extinção, mostram a diversidade da fauna que ainda povoa essas matas. As fotos aqui apresentadas revelam os animais em seu habitat natural, momentos da vida na floresta que estão distantes dos nossos olhos.

Elas registram instantes fugazes de rara beleza, cenas que capturam o quanto ainda se esconde neste pedaço de Mata Atlântica entre as duas maiores capitais do país.

Christian Spencer e Marcelo Souza trabalharam durante um ano com armadilhas fotográficas, equipamento que permite que fotos sejam tiradas com câmeras que disparam através de um sensor de movimento. Essas câmeras estacionárias foram colocadas em locais isolados na floresta onde não foi utilizado qualquer artifício para trazer ou induzir a presença dos animais fotografados.  O que proporcionou esses belos registros foi muita paciência, conhecimento de campo e a sensibilidade dos autores, que sonharam a foto antes mesmo dela ser tirada. Essa “simbiose sensorial” dos autores com a fauna permitiu com que Spencer e Motta transmitissem nas fotos todo o mistério que as envolve.

As fotos carregam a força da presença desses seres vivos que transitam por essas matas de forma invisível. A fugacidade do momento é exaltada pelo preto e branco das fotos. Na ausência de cor o mistério se revela como lendas que se materializam entre a luz e a sombra da vegetação. Mas é no brilho do olhar dos bichos que se vislumbra a vida que ali pulsa, é o encontro do real e do imaginário, é a “Alma do Mato”.

Esta exposição tem como objetivo inspirar o espírito contemplativo no visitante, o olhar mais demorado daqueles que passeiam pelo Parque Nacional, fazendo-os sentir que, mesmo não vendo com os olhos, o conhecimento de que animais desses portes ainda vivem aqui, possa inundá-los com a presença da força desses seres. Esta exposição é um convite a sensação de andar na floresta e sentir essa presença, a “alma do mato”.