Ambiente, saúde e agrotóxicos desafios e perspectivas na defesa da saúde humana, ambiental e do(a) trabalhador(a)

Livro elaborado com o apoio do Núcleo de Estudos Ambientais e Saúde do Trabalhador (NEAST) do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal de Mato Gro sso (UFMT) em parceria com a Procuradoria Regional do Trabalho de Rondonópolis, do Ministério Público do Trabalho da 23ª Região

Leia a apresentação dos organizadores: Pablo Cardozo Roccon Haya Del Bel Alane Andréa Souza Costa Wanderlei Antônio Pignati .

O livro que lhe convidamos a ler tem como objetivo, se propõe a partir da socialização do conhecimento fomentar debates e processos formativos com trabalhadores(as) das diversas políticas públicas, do Ministério Público, Poder Judiciário, movimentos sociais e sindicais.

Nessa direção, lhe convidamos a ler os 18 (dezoito) capítulos cuidadosamente produzidos por pesquisadores(as) da UFMT e de outras universidades e estados da federação. Os capítulos apresentam um empenho em discutir: o cenário atual das contaminações por agrotóxicos no ambiente, nas águas, nas populações e classe trabalhadora; os desafios para atuação do poder judiciário e do ministério público e a produção de uma vigilância popular; as contribuições que saberes plurais, ancestrais e originários para o enfrentamento da realidade de destruição socioambiental analisada.

Ao longo dos capítulos o(a) leitor(a) se encontrará com uma diversidade epistêmica, teórica e metodológica, porém, todas confluem para uma mesma dimensão ética: a defesa da saúde humana, do ambiente e dos(as) trabalhadores(as) frente aos modelos destr químicoutivos, concentradores de renda, colonizadores e dependentes da cadeia produtiva do agronegócio. Assim, este livro se divide em 4 (quatro) partes, que podem ser lidas na sequência que o(a) leitor(a) desejar.

Na parte I Desafios na defesa da do(a) trabalhador(a) , o debate é iniciado com o texto saúde humana, ambiental e Exposição ocupacional a substâncias químicas no Brasil e grandes regiões de autoria de Luiz Sérgio Silva; Elaine Leandro Machado; Aline Dayrell Ferreira Sales; Amanda Cristina de Souza Andrade, que analisa diferenças na exposição a substâncias químicas segundo perfil sociodemográfico relacionadas ao tipo de atividade laboral desenvolvida e a atividade econômica.

No capítulo 2, Características e efeitos da contaminação por agrotó xicos: camponesas, a saúde de mulheres Luana Alves dos Santos, Alane Andréa Souza Costa, Elyana Teixeira Sousa, Haya Del Bel, Pablo Cardozo Ro c con apresentam os resultados de uma Revisão Integrativa de Literatura que discute as características e efeitos da contaminação por agrotóxicos vivenciadas por mulheres.

O capítulo 3 produzido Débora F. Calheiros, Wanderlei A. Pignati, nomeado Contaminação por agrotóxicos na água de abastecimento em Rondonópolis, Mato Grosso , apresenta dos resultados da análise de amo stras de água em 25 locais (48% em escolas urbanas e rurais) no Município de Rondonópolis, Estado de Mato Grosso, apontado que na maioria das amostras detectaram a presença de Atrazina e Clomazona, além de Carbendazim e Carbaril. O debate segue com as discussões de Wanderlei A. Pignati em Impactos sanitários do agronegócio e agrotóxicos no Brasil e no Mato Grosso no qual o autor discute os riscos à saúde, evidenciado por intoxicações agudas e crônicas provocadas pelas exposições ocupacional, ambiental e ali mentar aos agrotóxicos a partir do panorama socioeconômico, ambiental e sanitário do Estado do Mato Grosso.

A parte 1 se encerra com o capítulo 5, Reflexões sobre a agricultura brasileira e agenda 2030: perspectivas para políticas públicas saudáveis e sust entáveis das autoras Stephanie Sommerfeld de Lara e Simone Cynamon Cohen, que na produção de um ensaio, problematizam a relação entre a agricultura no Brasil com a agenda 2030, pontuando que o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável não realizou crítica a agricultura químicodependente de agrotóxicos.

A parte II, Impactos dos agrotóxicos na saúde humana, ambiental e do(a) trabalhador(a) , inicia com o capítulo Intoxicações por agrotóxicos: perfil epidemiológico e desafios das notificações dos(as) autores(a s) Rita Adriana Gomes de Souza, Noemi Dreyer Galvão, Mônica Bidarra, no são discutidos a atuação das Vigilâncias em Saúde Ambiental e de Populações Expostas a Agrotóxicos, dados de intoxicação exógena por agrotóxicos e, por fim, os desafios das notificaçõe s desses eventos.

Na sequência, o capítulo Distribuição espacial da taxa de incidência por câncer em Mato Grosso, 2001- 2016 , de autoria de Mario Ribeiro Alves, Gustavo Monteiro da Silva, Paulo Cesar Fernandes de Souza, Bárbara da Silva Nalin de Souza, Marco Aurélio Bertúlio das Neves, Noemi Dreyer Galvão, apresenta um estudo ecológico que analisou a incidência de neoplasia (a partir de taxas médias padronizadas e nãopadronizadas), de 2001 a 2016, por mapas do estado de Mato Grosso.

Em Cenário Agrícola Brasileiro: monoculturas e silvicultura, agrotóxicos e incidência de câncer, suicídio e anomalias congênitas Sonia Corina Hess, Rubens Onofre Nodari, Mariana Rosa Soares, Francco Antonio Neri de Souza e Lima, Wanderlei Antonio Pignati, apresenta um estudo qu e visou descrever o perfil das áreas cultivadas com agricultura e silvicultura no Brasil, o uso de agrotóxicos e a distribuição dos agravos à saúde humana associados a esse processo produtivo.

Na esteira das discussões sobre a relação entre cânceres e expo sição aos agrotóxicos, Mariana Rosa Soares, Márcia Leopoldina Montanari Correa, Lucas Matos Castelo, Viviane Cardozo Modesto, Flávio de Macêdo Evangelista, Amanda Cristina de Souza Andrade, Noemi Dreyer Galvão,Wanderlei Antonio Pignati, apresentam o capít ulo Fatores socioeconômicos e ambientais relacionados a incidência por câncer no estado de Mato Grosso , que apresenta uma análise dos fatores socioeconômicos e ambientais relacionados a incidência por câncer no estado de Mato Grosso no período de 2013 a 2016. Encerrando esta parte, é apresentado o capítulo crônicas associadas à exposição aos agrotóxicos Doenças renais de Virgínia Luiza Silva Costa, Wanderlei Pignati, Maelison Neves, que analisa as associações das doenças renais com a exposição aos agrotóxic os no contexto do agronegócio.

Na parte III, Atuação jurídica e social frente aos processos de contaminação ambiental e na saúde do(a) trabalhador(a) , Leomar Daroncho discute em seu ensaio trabalhistas ampliados Acidentes ambientais , os princípios da preve nção e da precaução na exposição aos agrotóxicos, como uma questão estratégica, para a efetividade dos direitos humanos e a inserção do Brasil entre as nações civilizadas. Na sequência, Silvano Macedo Galvão; Noemi Dreyer Galvão; Daniela Correia de Melo; Vinícius Pires dos Santos; Marcia Leopoldina Montanari Correa; Pablo Cardozo Ro Agrotóxicos nos Tribunais do Trabalho do Centro c con, em vulnerabilidades dos trabalhadores 20192021, Oeste e discutem a relação entre decisões judiciais que envolvem a temáti ca de agrotóxicos no âmbito dos Tribunais Regionais do Trabalho e o número de notificações compulsórias de intoxicações exógenas da região central do Brasil.

O capítulo Proibição da pulverização aérea de agrotóxicos: implicações da Lei Zé Maria do Tomé na dinâmica produtiva agrícola do Ceará produzido pelos autores Leandro Vieira Cavalcante, Fernando Ferreira Carneiro, apresenta uma análise sobre as implicações na dinâmica produtiva agrícola estadual em razão da vigência da Lei Zé Maria do Tomé a partir de janeiro de 2019, que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos em todo o Ceará.

A parte II é encerrada com o capítulo A vigilância popular da cadeia destrutiva dos agrotóxicos de Luís Henrique da Costa Leão, apresenta pontos de conexão entre a perspectiva da vigilância das cadeias produtivas e a vigilância popular da saúde e ambiente, a partir de abordagens críticas, ecossistêmicas e ecossociais em saúde.

Por fim, os últimos capítulos são apresentados na Parte IV, Saberes plurais e bem viver como perspecti vas na defesa da saúde humana, ambiental e do(a) trabalhador(a) com o capítulo , que iniciado Saberes e práticas de cuidado no quilombo de Mata Cavalo: a medicina tradicional e o ofício da benzeção autoria de Edson Caetano, Elidiane Martins de Brito Silv de a e Flávia Lorena Brito, que apresenta uma reflexão acerca da educação não escolar a partir da medicina tradicional, expressa pela benzeção no quilombo de Mata Cavalo (município de Nossa Senhora do Livramento pro MT). O debate segue com o capítulo dutiva do algodão e corpoCadeia território: olhar reticular pela perspectiva do Bem Viver escrito por Reni A. Barsaglini, Thyago M. Freitas, Silvia A. Gugelmin, apresenta um ensaio que enfoca a cadeia produtiva do algodão no contexto do agronegócio que opera dicotomizando Sociedade/CulturaNatureza em contraponto com sua indissociação posta pela integração corpo território em conexão com a noção da Pacha Mama na perspectiva do Bem Viver.

Na sequência com o debate com o Bemensaio Saúde como Viver, é apresentado o bem viver: resistindo com a vida frente a destruição socioambiental em nome do desenvolvimento Pablo Cardozo Rocc de on, no qual discute como a cadeia produtiva do agronegócio se fortalece a partir da colonização do ser, saber e poder em suas dimensões cis heteropatriarcais, da branquitude e eurocentralização, apontando para as potencialidades de trabalhar com a vida sob perspectiva biocentrada e a saúde como bemA parte IV é encerrada com o capítulo viver. Vale do Juruena: colonização, modos de vida e produção de saúde em um ambiente , no qual Marcos Aurélio da Silva, analisa dois modos de vida contrastantes no Vale do Juruena. De um lado, uma população relativamente recente que tornou a região um polo agropecuário, com destaque para a soja e o algodão. De outro, povos indígenas que, mesmo sofrendo os impactos, lutam por suas formas de coabitação, produção de saúde e pela própria sobrevivência.

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