O Observatório Astronômico Indígena receberá encontro de lideranças, apresentações culturais e ambientais, no dia 23 de novembro.
Com o objetivo de aproximar o conhecimento da ancestralidade indígena da população santista e de turistas que frequentam a cidade, um evento cultural e ambiental irá celebrar a consolidação do Ponto de Cultura Indígena, no dia 23 de novembro, em Santos, com a inauguração oficial do Observatório Indígena “Caminho do Céu”. A instalação ancestral já pode ser vista no Quebra-mar e mostra a relação sagrada entre céu e terra dos povos originários brasileiros. O evento marcará a data que pretende ser um encontro anual de cultura indígena.
A iniciativa é do multiartista indígena Jandé Potyguara e da produtora cultural Estela Vajda, em parceria com o Instituto EcoFaxina. O observatório propõe uma imersão única no universo astronômico indígena, unindo a cosmovisão dos povos originários, tradição, sabedoria, arte e educação ambiental.
“Antigamente, os povos indígenas observavam o movimento das estrelas como um GPS, para se orientar nas trilhas, definir épocas de plantio, colheita e caça, os ciclos da natureza. O observatório funciona como um marcador do espaço-tempo, revelando como os povos indígenas compreendem a leitura do céu e das estrelas, interpretando as constelações. O observatório atual é uma reconstrução contemporânea desse conhecimento ancestral, feita com pedras vindas de várias partes do Brasil, dispostas de forma a indicar direções e momentos do tempo e do céu. É também um espaço vivo de espiritualidade, de conexão entre o céu, a terra e as pessoas”, explica Jandé, Indígena Potiguara, com ascendência Tupinambá.
Jandé explica que criou o observatório a partir de suas próprias origens, pesquisa com diferentes lideranças indígenas e também com o resgate cultural local de Santos, um vasto território ancestral ocupado por diversas etnias indígenas.
Mais do que um espaço de observação, o Observatório Indígena “Caminho do Céu” será um ponto de acolhimento e troca de saberes entre lideranças indígenas da Baixada Santista e de todo o Brasil, fortalecendo redes de cooperação, resistência cultural e diálogo interétnico.
“O projeto destaca temas urgentes como a consciência ambiental, a valorização dos saberes ancestrais que foram apagados ao longo do tempo, e uma reflexão simbólica sobre o porquê de não vermos mais tantas estrelas nas cidades — um convite para nos reconectarmos com a natureza, o céu, a terra e com a nossa própria história. Nossa proposta é que se torne um local de encontros, eventos e manifestações culturais”, conta Estela Vadja, produtora cultural que idealizou o evento que fixa o ponto de cultura indígena no calendário da cidade.
Fomento público
O projeto Ponto de Cultura Observatório Indígena Caminho do Céu é uma iniciativa de Jandé Potyguara em parceria com o Instituto EcoFaxina e Estela Vajda, produtora cultural, e foi viabilizado por meio de recursos financeiros provenientes de emendas parlamentares das vereadoras Débora Camilo e Audrey Kleys.
Sobre Edvan Monteiro “Jandê Kodo Potyguara”
Nascido em Fortaleza e residente há 15 anos de Santos (SP), Edvan Monteiro Jandê – Kodo é indígena descendente do povo Potyguara, do Ceará. É bailarino, performer, dramaturgista, professor de dança, coreógrafo, fotógrafo, videomaker, editor e cenógrafo de práticas ancestrais. É diretor da Cia Etra junto com Ariadne Fernandes, fundada em 2001 e, em 2006, lançou o Canal OitO, realizando produções audiovisuais com foco na documentação e fomento da videodança no Brasil, com programas e experimentos em videodança.
Um domingo com cultura ancestral e ações ambientais
O dia da inauguração terá programação intensa gratuita que engloba cultura e ações ambientais. No domingo, dia 23 de novembro, o evento tem início às 9h, com uma ação de limpeza de praia aberta ao público liderada pelo Instituto EcoFaxina, com o objetivo de mostrar o impacto ambiental do lixo urbano nas praias. Em seguida, às 12h30, acontece a roda de conversa “Sabores e Saberes Indígenas”, que mostrará a influência da culinária ancestral no nosso dia a dia e, ainda, manifestações culturais indígenas, finalizando com distribuição de mudas.
Entre os participantes da roda de conversa que será mediada por Jandé Potyguara estão importantes lideranças indígenas como Awa Popygwa, Catharina Apolinário, Guaciane Gomes, Itamirim, Juá Jacarandá, JùpïRã, Karol Kaysá, Kuaray O’ea, Ronildo Guarany Amandios e Wescritor. O evento também contará com apresentações artísticas e culturais, como o Coral Mensageiros de Tekoá Paranapuã, grafismo indígena de Awa Popygwa, dança ancestral contemporânea de Jandé Potyguara, música de Kuaray e Wescritor; além da presença das aldeias Paranapuã, Tabaçu, Tapirema e Piaçaguera, unindo tradição e expressão contemporânea em uma celebração da diversidade.
O encerramento terá distribuição de mudas nativas e orientações de plantio, gesto simbólico de renovação e continuidade, reforçando o respeito pela natureza e pelos saberes que conectam o Ser ao ambiente em que vive.
Para William Schepis, biólogo marinho e presidente do Instituto EcoFaxina, unir o conhecimento ancestral com a valorização do meio ambiente é ponto principal para que os visitantes do observatório entendam como estamos integrados e que fazemos parte do que nos cerca.
“A Integração da ação voluntária EcoFaxina à programação reforça a urgência de restaurarmos nossa relação com a natureza, unindo o cuidado com o território ao respeito pelos ciclos da vida. Já no plano cultural e social, o evento amplia o diálogo entre povos indígenas, sociedade civil e poder público, fortalecendo laços de cooperação, inclusão e reconhecimento da diversidade que compõem nossa identidade litorânea. Sem dúvida, uma contribuição duradoura para a educação ambiental, a valorização da cultura indígena e o fortalecimento da cidadania em Santos e no litoral paulista”, finaliza.
Programação: Inauguração do Ponto de Cultura Observatório Indígena Caminho do Céu
09h00 – Ação Voluntária EcoFaxina: Mutirão de limpeza no entorno do quebra-mar com a participação de indígenas e do público presente.
12h30 – Roda de Conversa “Sabores e Saberes Indígenas”: Espaço de troca de saberes, experiências e histórias entre os indígenas e o público.

14h30 – Manifestações Culturais Indígenas: Coral Aldeia Paranapuã, Música, dança e grafismo.
16h30 – Distribuição de mudas nativas com orientações de plantio.
17h00 – Cerimônia de encerramento.
Evento gratuito e aberto ao público.
