Por: Secretaria Municipal de Saúde da Cidade de São Paulo
A tentativa de suicídio é um agravo de notificação compulsória e deve ser notificado imediatamente; a Vigilância em Saúde é responsável pelo monitoramento das notificações e investigações de violência.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 800 mil pessoas cometem suicídio todos os anos. Ainda segundo a OMS e o Ministério da Saúde (MS), todos os dias, 32 brasileiros consumam o ato. A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo.
A tentativa de suicídio é um agravo de notificação compulsória imediata. Portanto, todo serviço de saúde deve notificar no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) todos os casos suspeitos.
No município de São Paulo, o Centro de Controle de Doenças (CCD) da Coordenação de Vigilância em Saúde (COVISA) possui duas subgerências responsáveis pelo monitoramento das notificações e investigações de violência, a Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT), que realiza a vigilância das violências, onde está incluída a violência autoprovocada por quaisquer meios, e o Programa Municipal de Prevenção e Controle das Intoxicações (PMPCI), que é responsável pela vigilância das intoxicações exógenas, incluindo as tentativas de suicídio por qualquer substância química.
No mês de setembro, locais públicos e privados no país e no mundo são identificados com a cor amarela simbolizando a conscientização para prevenção do suicídio. Intitulado “Setembro Amarelo” a campanha foi iniciada no Brasil em 2014 e faz um alerta para a sociedade de como lidar e tratar o assunto. Este ano, o mote é “Falar é a melhor solução”.
O suicídio é um fenômeno complexo, que envolve fatores sociais, psicológicos e genéticos, onde o indivíduo de forma consciente e intencional busca a própria morte.
De acordo com a Profª Edna Maria Miello Hernandez, responsável pelo PMPCI, em 2015, foram notificados 6.438 casos de intoxicações exógenas e, em 2016, até o dia 9/9, 4.290 casos. “As tentativas de suicídio por intoxicação correspondem a 25% destas ocorrências. Os medicamentos são os principais responsáveis (72%), seguidos dos raticidas (16%).”
Segundo a subgerência de DANT, em 2015, foram notificados no SINAN 19.299 casos de violência, sendo 1.896 (10%) lesões autoprovocadas/tentativas de suicídio. Dessas, 959 (51%) foram por intoxicação/envenenamento. Até 22/9, foram notificados 12.655 casos de violência, sendo 1.229 (10%) lesões autoprovocadas. E dessas, 393 (32%) por envenenamento.
O coordenador da área técnica de saúde mental da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e médico psiquiatra, Dr. Roberto Tykanori, relata que “cerca de 20% a 25% das pessoas que cometem suicídio não apresentavam problema de saúde mental, mas sua existência é um fator de risco”.
Dr.Tykanori explica ainda que “A maior parte dos suicidas diz que quer parar de sofrer e que um paciente de risco em acompanhamento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) tem menos chance de cometer suicídio”.
Na rede municipal de saúde, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) são a porta de entrada para o tratamento. O paciente será acolhido pelo psicólogo e encaminhado a um especialista. Uma vez diagnosticado o caso o paciente é encaminhado ao CAPS mais perto de onde mora. O acompanhamento é realizado por equipe multiprofissional, com caráter mais intensivo, onde é elaborado um PTS (Projeto Terapêutico Singular) conjuntamente com o paciente. A frequência pode variar de 2 a 5 vezes por semana no início, dependendo da particularidade de cada caso.
Intoxicações exógenas
A maior parte dos atendimentos das intoxicações exógenas ocorre nos hospitais e outros serviços de urgência e emergência. “Ao receber um paciente com essa suspeita, o serviço de saúde deve realizar a notificação compulsória em até 24 horas, para que sejam desencadeadas medidas protetivas, iniciando a linha de cuidado para essa pessoa,” explica a responsável pelo Programa de Intoxicações.
Considerando a necessidade de falar sobre o suicídio e sua complexidade o PMPCI, no mês de setembro, vem realizando oficinas, reuniões e palestras com profissionais de saúde do município com o objetivo de possibilitar a reflexão sobre o tema e troca de experiências exitosas para melhorar a sua prevenção.
O PMPCI possui em seu escopo o Centro de Controle de Intoxicações e o Laboratório de Análises Toxicológicas, que fica dentro do Hospital Municipal Dr. Arthur Ribeiro de Saboya (HM Jabaquara), na Zona Sul, com equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros, psicólogos e farmacêuticos, que oferecem orientação e apoio diagnóstico aos profissionais de saúde que, ao atender um caso suspeito de intoxicação, necessitem de ajuda.
Na suspeita de intoxicação, ligue para o Centro de Controle de Intoxicações nos telefones 0800 771 3733 ou 5012 5311. Plantão 24h, 7 dias por semana.