Ascom / MMA

Com o término das obras de reconstrução da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), que será reinaugurada em janeiro do próximo ano, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e parceiros vão retomar os estudos de descontaminação do solo no entorno da estação. Os trabalhos serão reiniciados no próximo verão. Os técnicos vão fazer o diagnóstico da pluma de contaminação e implementar o Plano de Gerenciamento de Áreas Contaminadas, que apontará as melhores técnicas de tratamento e remediação para cada item considerado impactante ao meio ambiente.
A base brasileira no continente antártico sofreu incêndio de grandes proporções em fevereiro de 2012. Pelo menos 70% das instalações foram destruídas, causando a contaminação do solo com poluentes orgânicos e inorgânicos. Na época, o Brasil desenvolvia cerca de 20 projetos de pesquisa científica no local, incluindo observação atmosférica, monitoramento ambiental de baleias e algas e monitoramento climático.
O gerenciamento de área contaminada visa reduzir, para níveis aceitáveis, os riscos a que estão sujeitos as pessoas e o meio ambiente em decorrência de exposição às substâncias poluentes. Para isso, são adotadas medidas que buscam assegurar o conhecimento dessas áreas e dos riscos associados, proporcionando instrumentos necessários à tomada de decisão quanto às formas de intervenção mais adequadas.
Nesse sentido, o Ministério do Meio Ambiente, com o apoio de várias instituições parceiras, vem cumprindo as diretrizes estabelecidas no Protocolo de Madri quanto ao monitoramento ambiental contínuo e implementando as medidas de remediação necessárias na área do entorno da EACF. Entre outras coisas, o Protocolo, assinado em 1991, elevou o continente antártico à condição de Reserva Natural Internacional dedicada à Ciência e à Paz e prevê a proteção integral do continente por, pelo menos, 50 anos.
COORDENAÇÃO
O MMA é responsável pelo segmento ambiental do Programa Antártico Brasileiro, o Proantar. Coordena as ações de monitoramento ambiental, prevenção e atendimento a emergências ambientais na área da EACF, em parceria com a Coordenação Geral de Emergências Ambientais do Ibama (CGEMA), o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP), a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e a Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ). Além das ações preventivas, são realizados trabalhos de investigação e delimitação de áreas possivelmente contaminadas, bem como a adoção de estratégias e procedimentos para sua descontaminação.
Com o objetivo de executar avaliação ambiental na área de influência direta da EACF por meio de indicadores químicos e biológicos, em atendimento ao monitoramento previsto no Protocolo de Madri, a equipe do IO-USP iniciou programa de monitoramento em 2012, tendo como metas monitorar os aportes de poluentes orgânicos e inorgânicos na Baía do Almirantado; avaliar os possíveis impactos causados na biota pelos aportes dos poluentes empregando os indicadores microbiológicos; e fornecer dados para as séries temporais dos poluentes, contribuindo para o estabelecimento da linha de base dinâmica, representando a faixa de variabilidade natural do ambiente.
Além das atividades de monitoramento realizadas pela equipe do IO-USP, o setor de investigação de áreas contaminadas da Cetesb passou a fazer em 2013 a avaliação da área da EACF e delimitação da pluma de contaminação por combustíveis fósseis. Desde então, o trabalho teve sequência nos verões antárticos, com indicações preliminares de áreas contaminadas.
Diante da necessidade de descontaminar a área previamente indicada no levantamento da Cetesb, foi iniciado em 2014 o processo de remediação por meio de projeto desenvolvido pela equipe da UFSJ em apoio ao MMA. Os objetivos principais eram “tratar o solo do entorno da EACF contaminado com óleo diesel para diminuição dos teores de hidrocarbonetos e realizar experimentos de tratamento de solo contaminado in loco para definição de procedimentos para a imediata remoção e tratamento de solo que venha a ser contaminado futuramente por vazamentos de óleo”.
No entanto, em função da obra de reconstrução da estação antártica brasileira, a localização do solo contaminado foi alterada pelo constante revolvimento de materiais e realização de cortes e aterros necessários ao andamento da construção. Além disso, faltou espaço físico no canteiro de obras para o correto gerenciamento do solo, causando a suspensão do trabalho de descontaminação no verão 2017/2018. Apesar disso, o monitoramento continuou sendo executado, mesmo com as obras de reconstrução. Agora, com o fim das obras, esse trabalho será retomado.