Educação Sanitária Importante não confundir com Educação Ambiental

Por Roseane Maria Garcia Lopes de Souza /Engenheira sanitarista e ambiental

A educação sanitária e a educação ambiental são dois campos distintos, embora relacionados, que visam promover conhecimento, conscientização e mudanças de comportamento para melhorar a saúde humana e o bem-estar do ambiente.

Educação Sanitária

A educação sanitária tem como foco principal a promoção da saúde e a prevenção de doenças por meio de práticas e comportamentos higiênicos. Seu objetivo é informar as pessoas sobre medidas de higiene pessoal, saneamento básico e cuidados com a água, alimentos e ambientes para evitar a propagação de doenças. A educação sanitária busca capacitar indivíduos e comunidades a adotarem comportamentos saudáveis, como lavar as mãos regularmente, usar adequadamente os banheiros, tratar e armazenar corretamente a água, tratar seus esgotos, segregar seus resíduos entre outros. Ela está relacionada diretamente à saúde humana e ao controle de doenças infecciosas, como diarreia, hepatite, cólera e infecções respiratórias.

A educação sanitária está focada na saúde humana e nas medidas preventivas para reduzir o risco de doenças. Seu objetivo é informar as pessoas sobre práticas de higiene pessoal, saneamento básico e segurança alimentar, a fim de prevenir a propagação de doenças infecciosas e melhorar a qualidade de vida. A educação sanitária abrange uma variedade de tópicos, incluindo o uso adequado de banheiros e a importância da lavagem das mãos, a segurança alimentar e a manipulação correta dos alimentos, a vacinação, a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, entre outros. Ela busca capacitar os indivíduos a adotarem comportamentos saudáveis, promovendo a conscientização sobre práticas preventivas e incentivando a mudança de hábitos.

O início da Educação sanitária no saneamento

A educação sanitária no campo do saneamento no Brasil teve início no final do século XIX e início do século XX, quando o país começou a enfrentar desafios significativos relacionados à saúde pública e ao saneamento básico.

No final do século XIX, o Brasil passava por um período de urbanização acelerada, com a concentração da população em áreas urbanas. Esse crescimento desordenado resultou em condições precárias de habitação, falta de infraestrutura básica, como sistemas de abastecimento de água e esgoto, e uma série de problemas de saúde associados.

Foi nesse contexto que surgiram iniciativas pioneiras de educação sanitária e promoção do saneamento básico. Destacam-se ações do médico Oswaldo Cruz, que liderou campanhas de combate à febre amarela e à varíola no início do século XX. Através dessas campanhas, foram implementadas medidas de saneamento básico, como a melhoria do abastecimento de água, a implantação de sistemas de esgoto e a conscientização da população sobre a importância da higiene pessoal.

Além disso, com o tempo, foram criadas instituições e órgãos voltados para o saneamento e a saúde pública, como a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), criada em 1990, que tem um papel importante na implementação de ações de saneamento básico e educação sanitária em áreas rurais.

No decorrer do século XX, a educação sanitária no campo do saneamento foi se desenvolvendo e se fortalecendo, com a implementação de políticas públicas, a criação de programas e campanhas educativas e a formação de profissionais da área de saúde e saneamento com enfoque na educação e promoção da saúde.

Atualmente, a educação sanitária e o saneamento básico continuam sendo temas relevantes no Brasil, com esforços contínuos para ampliar o acesso à água potável, melhorar o manejo de resíduos sólidos, garantir o tratamento adequado do esgoto e promover a conscientização e adoção de práticas saudáveis e sustentáveis em comunidades rurais e urbanas.

Educação ambiental

Já a educação ambiental tem como objetivo principal promover a conscientização sobre questões ambientais e incentivar a adoção de práticas sustentáveis para proteger e preservar o meio ambiente. Ela se concentra em questões globais, como a mudança climática, a perda de biodiversidade, a poluição do ar e da água, a gestão de resíduos, a conservação dos recursos naturais e a promoção do desenvolvimento sustentável. A educação ambiental busca capacitar as pessoas a entenderem a interdependência entre os seres humanos e o ambiente, levando a uma mudança de atitude e comportamento que promova a proteção do meio ambiente. Ela incentiva ações individuais e coletivas, como a reciclagem, o uso eficiente de energia, a redução do desperdício e a preservação dos ecossistemas naturais.

A interligação entre Educação sanitária e ambiental

Embora existam distinções claras entre a educação sanitária e a educação ambiental, é importante ressaltar que os dois campos estão interconectados. 

O saneamento básico, por exemplo, é uma área de atuação que abrange tanto a saúde pública quanto a proteção ambiental. Práticas adequadas de saneamento têm um impacto direto na saúde das pessoas e na preservação dos recursos hídricos e ecossistemas. Já a falta de saneamento básico adequado pode levar à contaminação da água e do solo, afetando tanto a saúde humana quanto o meio ambiente. Da mesma forma, a poluição e a degradação ambiental podem ter consequências diretas na saúde das pessoas. Portanto, a educação sanitária e a educação ambiental podem se complementar para promover um desenvolvimento sustentável, onde as necessidades humanas são atendidas sem comprometer o equilíbrio ambiental

Foto por Katerina Holmes em Pexels.com

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