A COP30 como megaevento: repercussões espaciais em uma metrópole amazônica

APRESENTAÇÃO

Em novembro de 2022, poucas semanas após o conturba do processo eleitoral para a Presidência da República, o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, convidado a participar da COP27, na cidade balneária de Sharm-El Sheikh, no Egito, anunciou a intenção de fazer do Brasil o país sede da trigésima edição da Conferência Climática, prevista para ocorrer em 2025, e, em particular, que o evento fosse realizado em uma das cidades da Amazônia brasileira.

Capa do e-book 'A COP30 como megaevento: repercussões espaciais em uma metrópole amazônica', com o título em letras grandes, imagens de edifícios urbanos ao fundo e uma ilustração de um pôr do sol.

Em junho de 2023, um mês após a aprovação da Organização das Nações Unidas (ONU) da candidatura da cidade de Belém, o presidente, ao lado do governador Helder Barbalho, anunciou oficialmente a realização da COP30 na capital do estado do Pará. O anúncio oficial, por meio de um vídeo de ambos os políticos alocado nas redes sociais e órgãos oficiais, foi necessário para a concretização dos preparativos; entretanto, apenas ratificou a realidade que parecia estar bem definida nos meses antecedentes.

Em preparação à realidade das mudanças que se anteviam e à necessidade de compreender a ordem e magnitude dos impactos sobre a cidade desde a perspectiva acadêmica, propusemos um projeto de pesquisa a ser financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), intitulado “COP30 em Belém: das oportunidades de transformações urbanas aos desafios para a sustentabilidade, participação e controle social”.

O projeto, iniciado em janeiro de 2024, apresentava como objetivos analisar se os investimentos propostos para a cidade de Belém em preparação ao evento teriam capacidades de garantir efeitos socioespaciais positivos e duradouros na perspectiva da sustentabilidade, tema central da conferência. A convergência entre as inúmeras carências locais e as demandas de um evento da 10 A COP30 como megaevento: repercussões espaciais em uma metrópole amazônica magnitude da COP, bem como a própria necessidade de garantir a efetiva participação social e qualificada da sociedade civil local, altamente impactada pelas demandas dos preparativos do evento, também foi objeto de questionamentos.

Acompanhamos, nos últimos vinte meses, o frenesi urbano em torno das obras de infraestrutura que alteraram o ritmo da cidade, mas também um certo “clima” de euforia com o conjunto de eventos que colocaram Belém no cenário internacional neste período. Tal percepção nos levou, enquanto um grupo de pesquisa, a questionar o quanto os preparativos para a Conferência das Partes da ONU se aproximavam ou não dos fenômenos que vivenciamos em outras grandes cidades brasileiras no período entre 2007 e 2016, no qual megaeventos de natureza esportiva tiveram as cidades brasileiras como sede. Essa é uma hipótese sobre a qual esta obra se debruça. Fruto de questionamentos, pesquisas e imersões na realidade de preparação de Belém para a COP30 é que organizamos e disponibilizamos ao público acadêmico e demais interessados o e-book COP30 como megaevento: repercussões espaciais em uma metrópole amazônica. Nele, oferecemos uma visão crítica dos processos pelos quais Belém tem passado em face da preparação para receber a COP30 – Conferência das Partes da ONU, que se realizará entre 10 e 21 de novembro de 2025, na cidade de Belém, estado do Pará, na Amazônia brasileira.

São 14 capítulos que expressam parte dos esforços de uma iniciativa de pesquisa que se preocupa em compreender as trans formações urbanas pelas quais Belém tem passado “em nome da COP”. Assim, embora a questão sobre as mudanças climáticas seja o cerne das discussões nas COPs, em Belém podemos adicionar outra dimensão a essas discussões, que se tratou da preparação da cidade para receber o megaevento.

Os autores e as autoras estão vinculados ao projeto de pesquisa “COP30 em Belém (PA): das oportunidades de transformações urbanas aos desafios para a participação e controle social”, que foi apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no âmbito da Chamada Universal – CNPq/MCTI n. 10/2023 – Faixa B – Grupos Consolidados. Tal projeto conta com pesquisadoras e pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento (Geografia, Arquitetura e Urbanismo, Engenharia, Economia, Turismo, dentre outras) e de diferentes instituições.

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