Texto: Silvia Calciolari e Nathália Clark e Fotos de NicoleOliveira/350Brasil/COESUS
Os prefeitos que integram a Associação dos Municípios do Alto Vale Itajaí (AMAVI), de Santa Catarina, participaram de uma palestra técnica sobre Fracking, clima e cidades de baixo carbono realizada pela 350.org , organização climática presente em mais de 158 países.
Preocupados com os impactos ambientais, econômicos e sociais, os prefeitos do Alto Vale do Itajaí têm agora informações importantes para homologar projetos de Lei em andamento em suas cidades, bem como solicitar apoio de deputados federais em Brasília no objetivo de proibir a técnica de fraturamento hidráulico.
O Coordenador de Campanhas Climáticas da 350.org e fundador da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água, Juliano Bueno de Araujo, realizou a capacitação técnica neste encontro regional de prefeitos de Santa Catarina realizado na última sexta-feira, 12. Juliano falou dos riscos e perigos do Fracking para as reservas de água subterrâneas e de superfície, que provoca doenças como o câncer em pessoas e inviabiliza a produção de proteína animais e agricultura.
“A campanha Não Fracking Brasil está realizando dezenas de capacitações, oficinas, seminários e audiências públicas em todo o Brasil, como este realizado na AMAVI. Estas ações têm o intuito de banir o Fracking e outros hidrocarbonetos que sejam danosos ao meio ambiente e à segurança hídrica e alimentar de nosso povo”, afirmou Juliano.
A AMAVI reúne 28 cidades de Santa Catarina que podem em breve se tornar cidades de Baixo Carbono. A proposta é incluir em suas leis orgânicas o banimento da pesquisa, exploração e explotação de hidrocarbonetos, como o gás não convencional, também conhecido como gás de xisto e derivado da técnica do Fracking.
FRACKING é a tecnologia altamente poluente que causa danos irreversíveis e permanentes para as reservas de água, solo e ar, além de provocar doenças graves como câncer nas pessoas e animais. Para extrair o gás do xisto que está no subsolo a grandes profundidades, são injetados milhões de litros e água misturados à areia e um coquetel de 720 substâncias químicas tóxicas, cancerígenas e até radioativas. Tudo para explodir (fraturar) a rocha e liberar o metano, com um alto custo ambiental.
Futuro sustentável
A coordenadora nacional da COESUS, Nicole Figueiredo de Oliveira, que é diretora da 350.org Brasil e América Latina, também participou do evento em Rio do Sul e destacou a parceria com os prefeitos catarinenses. “Os municípios são protagonistas de seu próprio destino e não devem ceder aos interesses escusos do governo federal que insiste em vender o subsolo para a indústria dos combustíveis fósseis sem consultar a população e os gestores”, critica.
Segundo Nicole, num país com tamanho potencial para energias renováveis, “o Brasil precisa avançar na definição de uma matriz energética sustentável, deixando os fósseis no subsolo para diminuir as emissões e conter o aquecimento global”. Desta forma, há alguma chance de cumprir a meta acordada na Conferência do Clima de Paris (COP 21) de reduzir as emissões em 43% até 2030.
A diretora da 350.org Brasil e América Latina lembrou que a indústria dos combustíveis fósseis é responsável direta pelas mudanças climáticas registradas em todo planeta agravadas pelo aumento das emissões dos gases de efeito estufa: “Estamos batendo todos os recordes. Julho foi o mês mais quente da história. O Ártico está derretendo e o aumento do nível do mar será inevitável. Para termos um futuro possível, temos que mudar nossas práticas de produção e consumo, deixar os fósseis no solo e pressionar os gestores públicos para investir em energias renováveis”.