Crise Humanitária: Rio Tapajós

Por: Ana Marina Martins de Lima* Colaboração da ONG Saúde e Alegria

De acordo com reportagem exibida no Bom Dia Brasil/ Rede Globo até agora cerca de 1200 famílias sofrem o impacto da seca do Rio Tapajós.

A questão reflete no problema de transporte, acesso ao serviço de saúde, restrição de água para beber e higiene, acesso ao serviço de educação e impacto direto na principal fonte de renda e alimento com a escassez de peixes.

O problema sim ganha uma amplitude de crise humanitária e espera-se dos gestores públicos bem como representantes da ONU e OMS um direcionamento para o governo brasileiro no sentido de mitigar os efeitos das Mudanças do Clima e do impacto negativo proveniente da derrubada de árvores, queimadas e poluição dos rios neste caso causada por atividades de extração de recursos minerais.

ANA declara situação de escassez hídrica na Bacia do Tapajós*

Durante a 916ª Reunião Deliberativa Ordinário da Diretoria Colegiada, ocorrida nesta segunda-feira, 23 de setembro, a Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) aprovou a proposta de Declaração de Situação de Escassez Quantitativa de Recursos Hídricos no trecho baixo do rio Tapajós, compreendido entre as cidades de Itaituba (PA) e Santarém (PA) até 30 de novembro.

A medida visa a aumentar a segurança hídrica da região e mitigar os impactos dos baixos níveis dos rios sobre os usos da água.

De acordo com os institutos de climatologia, a precipitação acumulada na bacia do rio Tapajós de outubro de 2023 a agosto de 2024 foi caracterizada por chuvas abaixo da média, tendência que continua no atual período seco.

As anomalias negativas de chuva afetam os níveis do rio do Tapajós, especialmente no trecho entre Itaituba (PA) e Santarém (PA), onde as vazões atualmente estão abaixo dos mínimos observados no histórico.

Como resultado, os usos da água estão sendo impactados, especialmente aqueles que dependem de níveis adequados nos corpos hídricos, como a navegação e as estruturas de captação.

O transporte aquaviário desempenha um papel crucial no desenvolvimento econômico e social da região amazônica, particularmente na Hidrovia do Baixo Tapajós.

A carga transportada em 2023 foi de cerca de 14,6 milhões de toneladas, o equivalente a 11% da carga total transportada em vias interiores, destacando-se milho (45%) e soja (45%). Além de possibilitar o escoamento de cargas, os rios são as principais vias de acesso para muitas comunidades amazônicas, permitindo o deslocamento para serviços essenciais como saúde e educação.

Segundo a Lei nº 9.984/2000, que dispõe sobre a criação da Agência, compete à ANA “declarar a situação crítica de escassez quantitativa ou qualitativa de recursos hídricos nos corpos hídricos que impacte o atendimento aos usos múltiplos localizados em rios de domínio da União, por prazo determinado, com base em estudos e dados de monitoramento”.

Os cenários hidrometeorológicos para este ano indicam a possibilidade de serem atingidos níveis ainda mais críticos em setembro e outubro com impacto sobre os usos, razão pela qual a proposta de Declaração de Situação de Escassez Quantitativa de Recursos Hídricos no trecho do Baixo Tapajós foi aprovada com o objetivo de aumentar a segurança hídrica da região e mitigar os impactos dos baixos níveis dos rios sobre os usos da água.

Além disso, a declaração busca comunicar à população a gravidade da situação de seca na região, permitir que instituições gestoras e diferentes usuários de recursos hídricos no rio Tapajós adotem medidas preventivas para mitigar os impactos nos diversos usos da água e sinalizar aos usuários que a ANA, se necessário, poderá alterar regras de uso da água e adotar outras medidas.*

Em 27 de setembro

“O sempre belo Tapajós, secando. Está 1,40 m abaixo do mesmo dia no ano passado, a pior estiagem da nossa história. E o rio segue baixando, até pq o ápice da seca na nossa região é em novembro.”

Sobre a reportagem no Bom Dia Brasil

Santarém decreta emergência por causa da seca.*

E dias piores virão. O Tapajós segue baixando, com o ápice da estiagem esperado para novembro. Secas e cheias fazem parte do ciclo anual amazônico. O problema é o novo normal de extremos climáticos. Será que a Amazônia aguenta uma seca recorde atrás de outra? Triste ver sofrer os que menos contribuíram pra isso:

“A gente vê uma população que habita a maior bacia de água do doce do mundo viver estresse hídrico. A gente tenta ajudar, mas a sensação é de enxugar gelo. É preciso uma atenção prioritária com medidas emergenciais dos governos para escalar essas soluções e tecnologias para um número muito maior de famílias.”

“O ideal são projetos estruturais, como sistemas fotovoltaicos e autogeridos de abastecimento de água, que tb temos implantado. Mas na falta deles, esses filtros podem reduzir o sofrimento das famílias ao melhorar a potabilidade dessa água através de 1 micromembrana que retém 99,99% das impurezas. Com vazão de 1 litro por minuto, atendem 1 família por 2 a 5 anos, são de fácil manutenção (retro-lavagem), e podem ser acoplados em garrafas pet, baldes, mochilas-tanque ou qq outro reservatório. É uma solução de baixo-custo, que traz resultados imediatos. Com a redução das doenças de veiculação hídrica e diarreias (maior causa da mortalidade infantil), se pagam ao diminuir gastos de saúde com doenças evitáveis. Essa ação é fruto de uma soma de esforços com a Brigada de Alter e Fundação Iturri. Seguimos articulando tb com outros parceiros para alcançar a meta 5 mil filtros entregues entre o final desse e início do próximo ano, quando também serão fundamentais com a chegada das chuvas, com os dejetos que estavam em terra indo pras águas, época dos surtos de diarréias.” Eugênio Scnnavino Neto – Saúde e Alegria

*Fonte: Portal da ANA

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